domingo, 10 de agosto de 2008

A Herança do meu pai.


Tive um pai bem porra loca, como diria a maioria, nunca fomos dados a confidencias, mas nos conhecíamos bem, minha mãe diz que isso é por conta do nosso genio, ambos aquarianos, na mesma lua, etc.....
Com meu pai eu aprendi que individualidade não tem preço, aprendi que tudo que somos se baseia em "viva e deixe viver", não me lembro nos 20 anos que passamos juntos, de ver meu pai querendo mudar algo em alguém, mas também nunca aceitou que alguém quisesse muda-lo.
Sempre foi mal interpretado, mas nunca vi isso como um problema.
Meu pai nunca me proibiu de nada, algumas coisas eu sabia quais seriam as consequências, ele simplesmente se ausentava ao momento, era pior do que se passasse horas de sermão, quando me respondia com monossilabas, eu já sabia, havia feito algo errado, tratava logo de consertar, e se não concertasse, eu, apenas eu conviveria com aquilo.
Algumas vezes tinha raiva desse jeito , era o oposto de minha mãe que passava dias falando do mesmo assunto.(não sei o que era pior)
Hoje aos 35 anos, eu avalio o que aprendi com meu pai.
"Felicidade é autenticidade"
Viva e deixe viver!!!!!

No final de uma vida a maioria de nós tem uma carga de responsabilidades e decepções que não nos pertence.
Qual filho nunca ouviu "Eu me sacrifiquei por você"?
Carregar o peso de um sacrifício é penoso demais para se considerar um ser livre, não me assusto quando ouço alguém responder "Fez porque quis".

Meu pai foi a pessoa mais autentica que conheci, viveu e conviveu com a responsabilidade de sua felicidade e infelicidades, nunca dividiu esse peso, os inimigos dele, eram como palhaços num picadeiro, não lembro de vê-lo odiar alguém, mas ele era assim, ou o amavam ou o odiavam, eu o amava e acredito que a maioria dos que o conheciam, depois de tantos anos, pra todos parece que foi ontem que ele partiu. Ele não tinha espaço pra energia ruim.

Outro dia alguém me disse que eu não valorizava o que meu pai representava, e eu digo, o orgulho de ter nascida filha dele, ahhhhhh... isso é só meu, só eu sei a intensidade.

Hoje vivo e deixo viver, ou convivo com as pessoas do jeito que elas são, ou não convivo.
Cada um tem o direito de escolher os próprios caminhos, mesmo que seja para a infelicidade.
Querer mudar os outros é egoísmo, egocentrismo, seja lá o que for, acho errado.
Eu posso ensinar o que é certo e errado aos meus filhos, mas o caminho que irão percorrer não depende de mim, a escolha é deles.

6 comentários:

Anônimo disse...

Eu também tenho uma forte herança de hoje, meu velho pai.

Tenho memórias diversas, e meu conceito sobre a pessoa, e a personalidade de meu pai mudou quando o primeiro filho nasceu.

Hoje, a frase que sempre afirmo sobre meu pai, é:

- Ele sempre esteve certo!

Sarah Rubia Nunes disse...

Aí eu penso, não são as pessoas que mudam, nós que mudamos a maneira de ve-las.

Bjs

POEIRAS AO VENTO disse...

O importante nao é 'achar' e sim ter 'certeza' das coisas.

Hoje penso que meu pai somente servia (para a familia, inclui minha mae) como uma caixinha de sonhos, realizaçoes materiais...

Acho que isso me rende um post...é...vou la no meu canto postar.

Belo post.
Otima semana

Sarah Rubia Nunes disse...

ACHO é uma maneira de expressar minha opinião, a certeza é muito vaga, posso te-la agora e não mais daqui uns minutos.

Devia ter um 16 anos quando um amigo do meu pai brincou comigo de uma maneira que eu não gostei, fez insinuações ao meu gastar demais o dinheiro do meu pai, era uma epoca de recessão, não precisa nem dizer que esqueci a idade dele e falei tudo que senti vontade, inclusive a minha opinião sobre ele que não eram das melhores, pois bem, ele esperou pra contar ao meu pai o acontecido, se eu fosse ele nunca o teria feito, logico que contou a maneira dele, quando meu pai me chamou, esperava o silencio, era assim que me punia, perguntou o que havia me motivado a tal atitude, o coroa acabou expulso lá de casa.
No final meu pai me disse pra nunca esquecer que ninguém tem o direito de entrar na minha casa e querer mudar a minha vida, o meu jeito de viver, que seja lá o que eu fizesse, estaria sempre certa.

Meu pai me deixou lições maravilhosas de vida, nos seus tortuosos caminhos, eu aprendi muito, acredito que é a melhor herança dele, por que a material os que não tem o sangue dele se encarregam de tomar pra si, como pagamento por terem gerados seus netos.

A vida é assim cara Julie.....
Quem não tem amor de familia, briga pelos bens da familia.
Eu, minha mãe e meus irmãos nunca nem se quer discutimos por herança, mas os que se achegaram, dá pena....Tanto estresse por tão pouco.
Mas cada um com sua neura...
Talvez acreditem que o tempo do dote ainda existe.

Beijinhos vou la ver o post.

†Maul† disse...

Olá!

Essa é a segunda vez que venho a seu blog, no pouco tempo que dedico a internet, poucas vezes fiz uma reflexão tão profunda como agora...

"... No final de uma vida a maioria de nós tem uma carga de responsabilidades e decepções que não nos pertence.
Qual filho nunca ouviu "Eu me sacrifiquei por você"?
Carregar o peso de um sacrifício é penoso demais para se considerar um ser livre..."

Maravilhoso... realmente...

Bom, ainda estou pensando sobre isso... mas não podia deixar de comentar. Parabéns por este Post!

†Maul† disse...

Voltei para tentar concluir! :-)

após ler fiquei por horas pensando em laços que fazemos na vida. As pessoas que conhecemos, algumas que por algum motivo passamos a valorizar, respeitar ou amar.

Pensei sobre as coisas maravilhosas que aprendemos apartir da convivência que permitimos a algumas pessoas dividir.

Você certamente foi agraciada com uma pessoa fantástica que foi seu pai mas, mágico mesmo foi a compreensão que você demonstrou em torno dessa convivência.

O entendimento da individualidade como sendo um processo necessário ao desenvolvimento e não simplesmente como se fosse um ato egoísta.

O conceito aceito de que as mudanças são na verdade outras formas de se ver a mesma situação. Partindo deste ponto é correto afirmar que moldamos o mundo a nossa maneira.

Achei muito bonito a forma como descreveu seu pai, a capacidade que teve em avaliar o lado positivo dele.

Foi, para mim, um post muito bacana mesmo!

Abraços!