quarta-feira, 2 de abril de 2008

Um dia qualquer....

O relógio despertou as 6:00, 6:10, 6:20. Olhei a cafeteira, solitária, tive desejo de liga-la, mas não podia.
Ouvi o barulho do onibus, corri, mas o controle do portão não funcionou, a pilha estava fraca, perdi a condução.
Andei por quase um quilometro pra pegar a próxima, pela rua encontrei pessoas que não via a muito tempo, antes íamos junto ao colégio, hoje saem bem cedo para o trabalho, alguns de carro, outros de bicicleta, não havia ninguém pra caminhar comigo.
Preferi o transporte alternativo, imaginei que ficaria mais próximo do meu destino, só imaginei, o motorista teve que mudar seu caminho, tinha blitz bem enfrente meu destino, pensei em não pagar a passagem, pensei em ser grossa com o motorista, mas eu que estava ali por valorizar a ilegalidade, paguei e desci.
O elevador vazio me deu medo, tenho medo de elevador, ele pode me trancar lá a hora que quiser e nada poderei fazer....
A atendente não era simpática, a impressora lenta e barulhenta, não tem o serviço de entrega de resultados via internet, quase desisti, mas depois de tanta fome??? não entendo porque sentimos tanta fome quando o jejum é obrigatório....
Meu sangue é bonito, muito bonito, lembrei que alguém disse uma vez que sentiu vontade de beber meu sangue de tão atraente que era, eu senti medo dessa pessoa, alias eu sinto medo de quem gosta de ver sangue... parece meio psicotico.
Ainda não podia comer, precisava fotografar minhas vísceras, cheguei atrasada... minhas vísceras apareceram na tela em preto e branco, porque se fala preto e branco se a maiorias das imagens aparece em tons de cinza? Recebi os parabéns de quem fotografou meus órgãos internos, coisa esquisita, ela podia estar sendo falsa, eu só vejo manchas numa tela cinza, ela disse ser minha vesícula, mas pra mim é só uma mancha.

Parei pra tomar um café, um café pequeno e um pão de queijo pra viajem, saí sem pagar, se eu não pagar antes ou comer sentada eu sempre saio sem pagar, esqueço... não me envergonhei, eu quis pagar antes ela que não aceitou.

O sol está lindo, um lindo dia, helicópteros do exercito sobrevoam baixo, será mais uma vitima da dengue a bordo?? pensei e fui além, será que a dengue não é um treinamento para as forças armadas??? preferi não me aprofundar...
Perdi um onibus, esta calor e a fome aumentando.
Uma lésbica vem puxar assunto, pensei em ser grossa mas estava com muita fome pra isso, pensei em sair dali, mas já estava confortável o suficiente até que outro onibus viesse, ela entendeu minhas respostas monossilabas e se foi.
Um ambulante escondeu o gelo na lixeira, pensei em censura-lo, mas não ia adiantar, pelo menos eu não vou beber nada que estiver naquele gelo, pensei egoisticamente....

Em casa, vou comer e dormir....
Não consegui dormir....
Parece que minha casa hoje virou uma estação ferroviária.....

5 comentários:

Anônimo disse...

E como é que soube que ela era lésbica? Ela te cantou?

Sarah Rubia Nunes disse...

Uma mulher sabe quando está sendo paquerada, é ela sempre que decide se abre a guarda ou não....
Depois um ambulante veio me dizer que é ponto dela... só gostei do elogio.. passa o dia cantando garotinhas, me disse ele, rsrsrsrsrs

Beijos

Marcelo Henrique Marques de Souza disse...

O cotidiano é sempre rico dessas pequenas grandes questões.. São instantes que se sustentam nas reticências de quem reflete..
Beijão

Antonio Ximenes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Antonio Ximenes disse...

Sarah.

Esse lance de uma mulher "cantar" outra mulher... etc e tal... sempre mexe com nosso imaginário.

Sou homem e admito que sou besta... rs.

Adorei a narração desse teu dia.

EU já devo ter te falado que me amarro nesse tipo de texto cheio de detalhes... como se fosse um diário cheio de comentários espirituosos... demais.

Mesmo sendo as tuas... eu não acho que as vísceras sejam lindas... rs.

Abração forte pra ti.